Por mais que eu goste de manter minha vida “real” para mim mesma, senti falta de escrever com o coração aqui, como costumava fazer de vez em quando. Então… desculpe o “overshare”, em breve voltaremos à programação normal (postagens felizes e memes bestas rs).
Nos últimos dois meses, minha vida virou de cabeça para baixo.
Eu tinha acabado de voltar para Sydney e fiquei “presa” fora da minha casa, porque estava viajando quando o lockdown começou. Com medo do quão longo seria, eu segui minha intuição – que GRITAVA – não volte, fique na van.
Parecia a solução perfeita, exceto pelo fato de que eu tinha um contrato de aluguel pra manter e, portanto, continuei pagando por um lugar onde mal tinha morado.
“Poderia ser pior” pensei. “Pelo menos ainda tenho meu emprego.” E, uma semana depois, o perdi. “Ainda poderia ser pior”, porque obviamente, sempre pode. Especialmente agora. Eu sei como sou privilegiada, e continuei me sentindo grata. Vivendo o momento – o que não é tão difícil de fazer quando você está morando na van.
O que era para ser uma viagem curtinha de final de semana se transformou em uma viagem sem fim, e depois de semanas incríveis explorando New South Wales, acordando com o nascer do sol e fazendo fogueiras depois do pôr do sol, com muito tempo para matar, muitas risadas, e well, algumas lágrimas… Eu e meu namorado decidimos terminar.
Casa. Trabalho. Relacionamento. O que mais?
“Sorry kid”, disse a vida. E aí veio mais uma: Meu visto de trabalho foi cancelado.
Não vou mentir – essas coisas, de uma só vez, foram como… aprender a surfar. Assim que eu me recuperava de um capote, outra onda me atingia na cabeça.
Você pode estar se perguntando o por quê de eu estar compartilhando tudo isso. Não pra bancar a vítima. Não pra competir “quem tá mais f* nesse ano louco”… Não.
Mas pra lembrar, você e a mim, que por mais que a gente queira, não estamos no controle. Durante estes tempos especialmente, mas nesse jogo da vida, really.
E também pra compartilhar que, por mais difíceis que esses momentos tenham sido, os milagres que aconteceram entre eles, e depois, foram mil vezes mais marcantes.
Ser recebida por um anjo em Noosa, onde vivi dias de maior cura, uma carona de volta pra Byron no momento perfeito, voltando – com meu antigo quarto vago – pra melhor casa em que já morei, com os amigos mais engraçados e amorosos do planeta. To name a few.
Eu sei que não sou vítima de coisa nenhuma porque mesmo em meio ao caos, eu tive a chance de escolher ALGUMA COISA.
E ao assumir a responsabilidade pelas minhas escolhas e soltar o que estava – e está – fora do meu controle; eu transformei o que poderiam ter sido as semanas mais miseráveis da minha vida nas mais… milagrosas.
Porque quando as nossas estruturas são abaladas, não temos opção senão lembrar que nossa essência é tudo o que temos. Todo o resto vai mudar, transformar, evoluir, morrer.
Sim, provavelmente chorei mais no último mês do que nos últimos dois anos. Mas quando finalmente consegui enxugar os olhos, descobri que eles nunca estiveram tão treinados pra enxergar pequenos milagres.
E como “aquilo que procuramos também nos procura”, os pequenos e grandes milagres continuam me encontrando. Todo. santo. dia.
Setembro de 2021. Byron, Sydney, Noosa, or somewhere in between.