Dia desses percebi que estava emocionalmente e fisicamente exausta de tanto me concentrar em coisas que queria resolver e aparentemente não conseguia.
Me senti presa em um ciclo vicioso. Quanto mais eu me concentrava no que não podia controlar, mais ansiosa ficava. Quanto mais ansiosa eu ficava, mais me concentrava no que não podia controlar.
Depois de rodar que nem uma barata tonta, me rendi: precisava me reconectar. Me plugar na tomada. Porque naquele estado de espírito nenhuma ação seria útil.
Então, parei tudo. Coloquei meu celular no modo avião. Saí de casa. Sentei na grama. Respirei profundamente. Não fiz absolutamente nada por vinte minutos. Ou mais. Provavelmente mais.
Quando já me sentia melhor, senti um impulso pra escrever. E pq eu sabia que naquele momento o sentimento de gratidão ainda estava longe demais, ao invés de tentar fazer uma lista de coisas pelas quais sou – ou deveria ser – grata, decidi responder uma simples pergunta:
O que é que eu VERDADEIRAMENTE valorizo?
Então, ignorando a programação da minha mente, que já me trazia respostinhas prontas, peguei meu caderno e caneta e acreditei que algo mágico estava prestes a acontecer. Confiei que aquela resposta viria de um lugar muito mais sábio que a mente.
“Me sentir confortável na minha pele. Uma sensação de liberdade com a minha rotina. Bons livros, e tempo para lê-los. Expansão, crescimento, avanço. Novidade. Estar rodeada de pessoas que admiro e que “sabem mais do que eu”, para que eu possa aprender com elas, e também daqueles que podem se beneficiar com o que eu já aprendi. Espaço para o imprevisível – todos os dias. Exercício – dia sim, dia não. Meditação. Praia. Frutinhas. Conexão com a minha família. Poder dizer “não” qdo sinto que é a coisa certa. Autoconfiança. Inspiração. Humor. Risadas gostosas.”
…É isso?
Sorrindo, respondi para mim mesma – é, acho que é isso.
Que lista simples, possível, alcançável. Nada ali era caro, nem parecia estar em algum lugar distante. A maior parte do que escrevi (senão tudo) está presente no meu dia a dia, e pode – se eu assim escolher – acontecer a qualquer momento. Bem aqui. E, por que não, agora.
Tudo isso pra dizer que, na fonte de cada um dos nossos dramas e necessidades há um desejo verdadeiro e básico.
Se vamos chegar a eles eventualmente, por que não começar por lá?
Um mundo que te faz trabalhar duro pelo oposto do que o que você realmente deseja, é um mundo onde pouco se fala sobre o poder – sim, o PODER – de ser honesto consigo mesmo.
Já que, mais cedo ou mais tarde a verdade vai chegar chutando a porta, concorda que é muito mais interessante – e inteligente – convidá-la pra entrar? Agora?
Honestidade primeiro, ação depois.
Ô mania que a gente tem de complicar o simples.
Florianópolis, Setembro de 2022.