Desde ontem a tristeza vem tentando me pegar. Bem no domingo. O único dia em que posso exercer meu pleno direito de espontaneidade. E não fazer ideia de que horas são. E ler meu livro, até cansar. E descobrir novas músicas. E estar 100% presente, com tudo, com todos, sem pressa.
Acolher tristeza em dia ensolarado de folga não dá, né. Saí pra correr. Correr dela. Dei play nas músicas mais felizes. Foquei no peso dos meus passos. No brilho do areia iluminada pelo sol. No ritmo da minha respiração. Nos motivos que tenho para ser grata. Nas ondas, gigantes, mesmo distantes. E nos surfistas doidos que somem e ressurgem em cima delas.
Foquei no farol, lá no horizonte, e decidi que iria até ali. Sei da magia desse lugar, então me convenci de que naquela linha de chegada haveria uma recompensa – um alívio mental pela minha exaustão física. Cheguei. Minhas pernas doíam. O sol brilhava. Borboletas azuis e amarelas dançavam por todo lado. Dentro de um cenário de filme com final feliz, me sentei, exausta.
Tomei coragem pra dar um check na tristeza. Continuava ali. Até maior, e agora ainda mais próxima. Foda-se. Deixei que me alcançasse. Não, fui além – lhe estendi a mão pra que chegasse mais rápido.
Porque ali, na pqp do paraíso, suada, endorfinada &… triste; me lembrei que todas as vezes que inventei de brigar com a realidade, eu perdi.
Encarei a distância da volta. Lembrei que teríamos que andar juntas, tristeza and I.
E era um longo caminho…
Longo demais pra ser percorrido em silêncio.
Longo o suficiente pra que fizéssemos as pazes.
Byron Bay, Australia, Maio de 2020