Há não muito tempo eu tinha uma ideia muito diferente da que tenho hoje sobre o amor. Já achei, e como achei, que amar envolvia se a agarrar a uma situação, a pessoas, ao que fosse; que tinha a ver com duração, com intensidade.
Hoje eu acredito que existem infinitas formas de amar, e que nenhuma delas exigirá esforço, e muito menos sofrimento, que é egoísmo de quem sente. Ainda é difícil, confesso, pro meu coração e cabecinha entenderem, mas amar é sim muito mais sobre soltar.
O amor só requer presença. Porque para reconhecê-lo – em uma situação, pessoa, lugar, música, no que for, você precisa estar de coração aberto pra aquilo. Quando parei de limitar o amor, qdo admiti que sobre ele muito pouco eu sei, passei a enxergá-lo mais frequentemente.
Talvez ele só tenha permanecido onde sempre esteve; de repente, eu que me dispus a vê-lo com outros olhos. Hoje eu percebo o quanto amo pessoas que não encontro há anos, pelo o que já vivemos; amo alguém só pela risada, por não me analisar enquanto conversa comigo, por fazer feliz alguém que eu gosto, só por nunca ter me feito mal.
Eu amo os lugares onde eu estive, e até os perrengues que eu passei. Eu amo pessoas com quem convivi pouco, amo gente que nem sei se vou ver de novo um dia.
E isso me leva à Celeste. Essa mulher banca o nome que lhe deram porque carrega uma constelação dentro de si; dança, canta, gesticula, abraça, sorri e ri muito, deixando o recado de que o motivo principal de nossa existência é viver de modo a lembrar pro mundo que existe algo bem maior.
Ela tem o dom de encontrar as palavras certas e provocar em quem as ouve uma inquietação boa, uma vontade de não ter mais medo, ou ao menos não permitir que ele feche o coração para o que ainda está por vir.
Nada vivemos perto do que ainda podemos viver. Essa é a graça e a beleza de tudo. Mas as-vezes-quase-sempre a gente esquece, nénão? Celeste lembra. Eu diria que qdo crescer quero ser mais como Celeste, mas na verdade, quero ser agora, já.
Essa sábia mulher mal sabe, mas reforçou em mim a ideia de que há amor não só no incrível que acontece e permanece, mas também nos encontros rápidos, que mudam algo dentro da gente.
Que deixam, pra sempre, uma marca no nosso ser.