3 meses em “Woopi.”
Vim porque tinha que vir, morrendo de medo do silêncio que ia ouvir no dia a dia. Sempre amei movimento, cidade cheia, quatrocentas milhões de opções. Por isso, pedi licença qdo cheguei, como aprendi a fazer qdo entro no mar, pra não projetar o medo do desconhecido.
Pra minha surpresa, me senti acolhida e em casa. Não dá pra não virar local num lugar onde todo mundo anda descalço, sorri e dá bom dia sem te conhecer. Todos os dias em que estive aqui, sem exceção, olhei pro céu e agradeci.
Entre o nascer e o pôr do sol, que aqui, estiveram tão presentes, de tantas formas – dentro do mar, depois da corrida, de cabeça pra baixo; no auge da exaustão, nos meus days off sagrados, nos minutos gostosos de descanso; calçando a botina suja da fazenda, descalça na grama, de meia na areia gelada; comendo pizza com os amigos, fazendo FaceTime com quem tá longe; sozinha – meditando, escrevendo, me alongando, rindo, chorando, rindo & chorando rs.
De noite, olhei pra esse céu estrelado manchado pela via láctea e cheio de constelações que nem sei quais são e torci pra que ele se movesse devagar. Vi luas cheias laranjas. Eclipses. Imaginei as galáxias, planetas e corpos celestes com suas órbitas milimetricamente sincronizadas. Acho que todo mundo seria melhor se parasse pra ver o céu à noite.
Eu sei que as vezes parece a gente tá nesse mundo pra acordar, deslizar o feed do instagram, comprar iphone, beber cerveja e postar nos stories. Mas sei também que no fundo todo mundo acredita que estamos aqui pq há mto mais. E estamos certos. Há bem mais. Há, entre tantos outros países e cidades e bairros e lugares lindos por aí, esse canto mágico e especial.
Onde você entra no mar e vê golfinhos. Senta nas pedras pra ver baleias. Tem cangurus no quintal. Faz essa fogueira aí da foto, que é a única coisa que tem pra fazer, e ainda bem, pq onde não tem bar nem balada, tem praia, vinho e violão em dobro.
Sob esse céu vivi os dias mais fisicamente e mentalmente cansativos da minha vida. E uns dos mais lindos também.
Eu dei tudo de mim mas ainda sobrou tanto.
Eu descobri que qualquer desconforto é pequeno qdo há algo tão maior e bonito acontecendo – lá fora, e aqui dentro. 💫✨
– Woolgoolga, New South Wales, Australia. Setembro de 2018.