Eu gostaria de ter escrito
Um poema
Uma carta
Uma nota
Qualquer registro
Palpável
Enquanto tudo o que aconteceu,
acontecia
Pra ter capturado
A inocência do começo
A magia do durante
E até o silêncio do fim
Eu queria ter documentado
Cada descoberta
Conversa aleatória
Piada besta
Coincidência louca
Noite mal dormida
Por que, meu Deus
Por que, então
Não o fiz?
Talvez por incapacidade
De fazer a gente virar letra
Ou por estar
Presente demais
Pra me preocupar
Em contar detalhes
Para um eu do futuro
Que hoje pensa
Que não custava nada
Ter pelo menos tentado
Traduzir
Seu olhar
Sua voz
E expressar
Pra mim mesma
O que eles provoca(va)m
No meu corpo
Sutil
Imagina não ter que depender da memória
Ora vívida
Ora bagunçada
E ter vestígios indiscutíveis
Pra quando minha mente duvidosa questionar
Se foi
Se fomos
Tudo isso mesmo
Eu poder provar
que sim.
Outro dia encontrei metade desse poeminha rabiscado em um dos meus cadernos.
Metade porque, como tantas outras coisas, senti de começar mas desisti de terminar. “Chega” – pensei. E de tanto querer que ele existisse, parei, sentei, e lhe dei seu merecido fim. E até um nome! “Desculpe estou um pouco atrasada” rs. Antes late do que never.
Escrito em Dez de 2017; terminado em Jan de 2020. Australia.