3 meses atrás eu quebrava a cabeça pra fazer toda minha vida caber nessas três malas, aos 45 do segundo tempo.
3 meses atrás eu chorava que nem criança no avião enquanto prometia pra mim mesma que seriam só três meses. “No máximo” rs. 02.02.2022 e eu aterrissava no Brasil, no escuro, na minha antiga-nova-incerta vida.
90 dias.
Um nada. O suficiente pra mexer com tudo.
Não mudei nadica e mudei por inteiro. O Brasil vira a gente do avesso. no pior e no melhor sentido. sim eu já sabia, mas não lembrava. Aí, ora me pego meio zonza, ainda tentando entender, ora parece que nunca nem me fui.
3 meses atrás eu pousava carregando minha vida toda, ou assim achava, e o peso da minha arrogância, que prefiro chamar de inocência.
Suspeito que foi pelo rombo que tinha no meu coraçãozinho que entrou de fininho uma humildade que eu nunca tinha experienciado, humildade de quem sabe que nada sabe, e compreende que há mais formas de se viver do que alguém, em uma só vida, é capaz de experimentar.
Ô, Brasil… me perdoa? Eu te perdoo, te vejo, te honro. Nem terrível, nem incrível. Ou melhor, ambos, se alternando, coexistindo.
Talvez sejam os contrastes, a espontaneidade, as frutas com gosto de fruta. não sei. só sei que há tempos não me sentia tão viva, tão turista, inspirada, curiosa, criativa, à flor da pele. E olha que ainda nem me aventurei.
Talvez essa euforia toda vá embora, daqui um mês ou semana que vem. tudo bem. se ela for, quando ela for, me vou também. enquanto isso torço pra que esse por enquanto dure mais um pouquinho.
“Quem diria”, dirão. É… eu com certeza não. rs
Alguns anos atrás escrevi: “nada vivemos perto do que ainda vamos viver. essa é a graça e a beleza de tudo.”
Menina… e não é que é mesmo? Fazer as pazes com o próprio país não tem preço.
São Paulo, Maio de 2022.